Há momentos em que as nossas emoções transbordam os vasos sanguíneos e parecem querer inundar a nossa presença. Raramente nos apercebemos sequer do surgimento destes estados emocionais, da sua construção, umas vezes mais lenta, feita de sucessivos tijolos colocados passo a passo, outras vezes tão rápida que só nos resta contemplar a obra concluída. Sobretudo quando nos zangamos... e como é desconfortável estar zangado...
Não é uma sensação que se queira guardar, ocupa demasiado espaço mental, desorganiza as nossas prioridades, magnetizando e controlando os nossos comportamentos.
E por isso mesmo procuramos rapidamente largar todo o peso insuportável, ainda que à porta da casa do vizinho do lado. É o mais fácil. Alguém há-de arrumar...
Mais difícil, mais desafiante, mas muito mais eficaz a longo prazo, é desmontarmos pedra por pedra os muros das nossas zangas, arrumar cada pedaço onde pertence... Abrir caminhos e trilhos para um novo dia sem ressentimentos, longe de amarguras e na direcção do equilíbrio.
