Quando reflicto, sei que tenho uma vida melhor do que alguma vez poderia ter desejado, e ainda que seja profundamente feliz a maior parte do tempo, sei que não poderei eliminar a tristeza. É dos sentimentos mais incómodos, dói mais que a ansiedade, esgota-nos mais que a raiva, parece ser muito mais duradoura que a efémera alegria. A maioria dos meus pacientes descreve-a como sendo a pior e mais inútil das emoções. Querem ver-se livres dela, deixá-la ali, amarrotada entre os lenços suaves, soltá-la a voar pela janela com o seu olhar, registada por uma última vez nos meus cadernos.
A estratégia mais comum é o evitamento. Fugir a sete pés em caminhadas, corridas, horas de ginásio. Pensar com toda a força em coisas alegres, momentos felizes, paraísos idílicos. Espremer o que possamos de uma memória ou de uma situação desagradável até lhe encontrar um propósito, uma graça, uma intenção divina ou do destino. Há quem deixe de ver telejornais, há quem deixe de ir visitar os avós velhinhos ao lar. Outros queimam cartas, apagam fotos, bloqueiam amizades facebookianas.
A estratégia mais comum é o evitamento. Fugir a sete pés em caminhadas, corridas, horas de ginásio. Pensar com toda a força em coisas alegres, momentos felizes, paraísos idílicos. Espremer o que possamos de uma memória ou de uma situação desagradável até lhe encontrar um propósito, uma graça, uma intenção divina ou do destino. Há quem deixe de ver telejornais, há quem deixe de ir visitar os avós velhinhos ao lar. Outros queimam cartas, apagam fotos, bloqueiam amizades facebookianas.

A tristeza da perda acordou-me. Nada é para sempre, nada é certo. Mas eu quero mais deste sentir que há pessoas lugares e memórias que nos são e dão tanto, que aceito que no reverso da moeda doam quando nos deixam. Enquanto cá estiverem e eu cá estiver com elas quero ser assim, muito. Pelo menos por hoje, pelo menos agora.