Mediar e promover a autonomia na gestão de conflitos em contexto escolar

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017


Em contexto educativo, agimos e planeamos as atividades e o espaço de socialização na tentativa de prevenir os conflitos, e podemos sentir que acontecem porque as crianças não seguiram as nossas orientações ou porque elas próprias são “conflituosas”. No entanto, os conflitos são normais, saudáveis e acontecem diariamente, mesmo que façamos todos os esforços para os prevenir. Já a forma como lidamos com eles nem sempre proporciona uma aprendizagem e o desenvolvimento de competências para o futuro...

Muitas vezes, quando ouvimos uma criança a expressar-nos um conflito que experienciou com um colega, temos o impulso de imediatamente agir para o resolver. Poderá ser mais rápido no curto prazo, porque como adultos e figuras de autoridade poderemos mais facilmente indicar uma forma de gerir o conflito, mas estamos a perder uma excelente oportunidade de aproveitar uma situação real e significativa para promover competências!
Em primeiro lugar deveremos escutar o que nos comunica, e é importante que a criança sinta que está a ser ouvida nos seus termos e possa expressar o que está a sentir, sem nos apressarmos a dizer "não quero cá queixinhas...!"

Em seguida, devemos procurar que a criança compreenda o conflito e o que o originou, mais do que fazer questões para que nós, adultos, a possamos compreender. Só assim estaremos a agir como mediadores da resolução do conflito pelas próprias criança, proporcionando uma oportunidade de aprendizagem, desenvolvimento de competências e promoção da sua confiança. Podemos perguntar e modelar a exploração da situação para que a criança, na medida da sua capacidade de compreensão e de linguagem, consiga refletir sobre a ocorrência: "Então vamos começar por perceber o que estava a acontecer antes de se zangares com o António..."

Poderemos depois sugerir que o conflito ou a dificuldade seja resolvida, caso esse seja o interesse dos intervenientes, mas também dar espaço e tempo a que possam decidir que querem resolver o conflito mais tarde, tomando medidas para que não se agudize nem que possa pôr em risco o bem-estar ou o decorrer das atividades normais da escola/recreio.

Quando há manifestação de interesse e motivação para a resolução do conflito, podemos então propor que cada uma das partes dê o seu ponto de vista, expresse a sua proposta e vejam as vantagens e desvantagens de cada uma, procurando chegar a um consenso, e quando este não seja possível, a um compromisso.

É de salientar a importância de reforçar positivamente, ao longo de todo o processo, o interesse e envolvimento ativo na resolução do conflito, mostrando que é normal que este aconteça, e que podemos sempre encontrar formas alternativas de o resolver, não havendo apenas um ponto de vista para cada problema…

Caso haja tempo, poderemos alargar a reflexão ao grupo turma para que se possam consolidar e amplificar os ganhos!
Inês Vinagre. Com tecnologia do Blogger.

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copyright Inês Vinagre

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